quinta-feira, 31 de julho de 2014

Uma Historia de Vida.

Deusdedit Cordeiro Cintra – Poeta e cordelista

Em frente à sua casa na Rua Camilo Viana, 420, Deusdedit Cordeiro Cintra, poeta, repentista e cordelista, expõe sobre uma mesa branca algumas de suas obras. Os transeuntes nem sempre percebem a importância daquelas escrituras para a história da nossa cidade e região. Os cordéis de Deusdedit são registros poéticos gravados em versos rimados, onde se encontram momentos marcantes de uma Rondon que nem todos tem na memória.
Basta dar uma olhada em alguns dos títulos dos seus livretos para perceber que, entre a comicidade típica dos cordéis nordestinos e a seriedade de alguns dos temas, existe um instigante conteúdo de causos e de fatos de Rondon do Pará de décadas atrás: O pecado dos padres de Rondon, Aragão, O negrão do Guarani, A vida do bom ladrão, A lua falta uma banda, A mulher perdida, A onça de Manim Gusmão, O pirarucú de 180kg, A fundação de Rondon, A máscara do Boró, A poluição de Rondon e A briga de dois veado são alguns dos títulos já publicados, nem todos disponíveis no momento na meza do Sr. Deusdedit.
Fazendo um resumo rápido do cordel de título “Aragão”, Deusdedit nos adianta que se trata da história de “um soldado do quartel general de Marabá que virou bandido e matava gente, matou uma família inteira ali no Carne-de-sol pra cá, entre Carne-de-sol e 92. Matou o rapaz dono da confecção e o empregado e levou a mulher e duas filhas pequenas, uma de 4 meses outra de 4 anos, estuprou a mulher em Goianésia e matou as duas crianças e até hoje tem uma romaria lá”, conta o poeta.
Natural de Pesqueira, no estado de Pernanbuco, desembarcou em Rondon em fevereiro de 1973, e, puxando na memória, diz que criou o hábito de escrever a mais ou menos 30 anos, mas as primeiras publicações datam de aproximadamente 20 anos atrás. Chegou a participar também de uma coletânea poética da Confraria Rondonparaense de Pensadores e Poetas, antes de regressar para o Pernanbuco, onde morou por 7 anos, até decidir voltar para Rondon, onde reside atualmente.
Os cordéis estão à venda, ali mesmo, a preços bastante modestos, na frente da casa do Sr. Deusdedit, onde se lê numa placa preta com letras brancas: “Aqui, na casa do poeta, vende-se livro de poesia e cordel regional”.
“No tempo de 86 a primeira farmácia
Era o senhor de Laudemir
Muito antes de Nene Gavião
E muito antes de Maurão conseguir
Antes de Laim ca Campo Grande
Que o bom farmacêutico sua fama expande
É o que eu posso vê e discutir.”
(Trecho do cordel “A fundação de Rondon do Pará”)

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